Pós-evento Bienal 2015

Instituto Lumeeiro na Bienal: poesia da razão à emoção

Em dez dias, o Instituto Lumeeiro promove diversas atividades voltadas à poesia na VII Bienal Internacional do Livro de Alagoas

 


O ambiente era alegre, com livros em toda parte, discussões sobre literatura e público atento e interativo. Esse era o cenário da VII Bienal Internacional do Livro de Alagoas. Entre as diversas salas e auditórios em que se tinham propostas de expor o conhecimento, havia sempre alguém disposto a absorvê-lo.

Por toda área da Bienal, transitavam figuras alegres e divertidas, como personagens saídos de livros infantis e do folclore alagoano. A decoração lembrava em tudo à terra das Alagoas e, ao subir a escada rolante, em direção ao Teatro Gustavo Leite, o público deparava-se com o varal de sisal do Instituto Lumeeiro. A instalação do Papel no Varal esteve presente nos dez dias da maior festa literária de Alagoas, abordando sempre um tema diferente, em sincronia com os eventos desenvolvidos pelo Lumeeiro.

Os primeiros poemas pendurados no sisal tinham temática infantil, e entravam no clima da Tardinha Poética e da Contação de Poesias. Os dois eventos foram apresentados por Larissa Cabús e encheu as tardes das crianças – nos dias 21 e 24 – com versos, rimas, diversão e encantamento, mostrando que poesia também pode ser brincadeira de criança. Para surpresa de todos, o artista plástico Paulo Caldas também participou dos eventos fazendo pintura facial nas crianças.

 

Dia 23, segunda-feira, foi a vez da mesa redonda “Maceió 200 anos de poesia: da pena à internet”. Com mediação de Ricardo Cabús, os poetas alagoanos Fernando Fiúza e Marcos de Farias Costa falaram sobre forma, conteúdo e exposição, ressaltando ícones da literatura alagoana que são destaques da história mas nem sempre conhecidos pelo grande público. Entre os grandes Jorge de Lima e Lêdo Ivo, também transitaram pela mesa versos de nomes como Aluísio Branco e Jorge Cooper. Em homenagem ao dia, no sisal, 100 poemas de 100 alagoanos.


E, para continuar com festejos às Alagoas, na quarta-feira, 25, foi apresentado o recital Djavaneando Lêdo. Ricardo Cabús deu voz aos poemas de Lêdo Ivo enquanto o Duo Lumeeiro – composto pelos músicos Geraldo Benson e Bruno Tenório – trazia notas de Djavan. A delicadeza dos versos e canções escolhidos levaram o público à emoção. No varal, foram pendurados 100 poemas de Lêdo Ivo. A professora de língua portuguesa, da Escola Estadual José da Silveira Camerino, Janine, disse que “Não conhecia Lêdo Ivo, também sou nova em Alagoas. Gostei tanto que, inclusive, quero lançá-lo no projeto de literatura que teremos na escola em 2016, para trabalhar, além de Graciliano, Lêdo Ivo e outros alagoanos célebres. Estou gostando muito de conhecer desta forma.”

Na quinta-feira, 26, Ricardo Cabús falou sobre o Papel no Varal em uma palestra para os professores da rede estadual de ensino, promovida pela Secretaria Estadual de Educação. Apresentando de forma interativa e dinâmica sua experiência nos eventos criados e desenvolvidos por ele no Instituto Lumeeiro, também falou da expansão e adaptação de tais eventos para escolas, destacando a importância da apresentação da literatura – em espacial da poesia – de forma lúdica, que atraia os jovens a ela por admiração e não pela obrigação escolar. Neste dia, o varal de sisal recebeu poemas com o tema “Escola”.




E, no último dia da participação do Lumeeiro em eventos da bienal, uma entrevista com o poeta da geração mimeógrafo Nicolas Behr. Ricardo Cabús comanda a berlinda e traz perguntas inusitadas como “Você perde a mulher, mas não perde a poesia?”, fazendo jus ao nome do evento “Um Poeta na Berlinda”. O ator José Márcio Passos fez uma participação especial, declamando poemas escolhidos pelo convidado Nicolas Behr.

O pequeno Vinícius, de 09 anos, falou sobre as apresentações do Lumeeiro e disse que é “muito legal, porque mesmo não conhecendo a maioria dos artistas, pude conhecer um pouco das histórias e poesias e curtir um pouco da história alagoana.” A mãe de Vinícius, Aline, finalizou a fala declarando que “Aqui tem muita cultura, muito mais do que a gente imagina.”

Os eventos foram encerrados na sexta, mas a personagem principal, a Poesia, se fez presente na instalação do Papel no Varal até o último instante da festa. Quem por ali passava parava e buscava seu poema ou autor preferido entre os que estavam pendurados no sisal. Assim, o Instituto Lumeeiro deixa a VII Bienal Internacional do Livro de Alagoas, apresentando a poesia nas mais diversas formas e sentidos: da razão à emoção.

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