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Matéria pós-evento

Bukowski Blues, uma noitada surpreendente de poesia, com boa música e participações especiais
Desta vez, os jovens dominaram a plateia, atraídos por versos irreverentes, ditos com convicção, embalados por melodias bem interpretadas e colhidas fora do “cardápio” comercial.

(Ascom Lumeeiro - Por Ludmila Monteiro e Rafaela Albuquerque, com supervisão da Jornalista Andréa Moreira)

Acordes de blues introduziram o público presente no Maikai Choparia em um cenário único na noite de segunda-feira: um mundo de inquietude, relacionamentos intensos, trabalho rude, madrugadas insones, sentimentos a flor da pele. O mundo de um homem com uma infância sofrida, que descobriu, aos 35 anos, que também podia escrever poesia. E uma poesia que reverbera no tempo e no espaço. Chega aos dias de hoje, até aqui, longe de onde foi gerada.

Não é inesperado o fato dos versos de Bukowski terem atraído tantos jovens ao terceiro evento do projeto Em Maceió chove poesia. O estilo do ‘Velho Safado’, como ficou conhecido no mundo literário, sempre foi para quem aprecia a novidade. Direto, contundente, desafiou muita gente de sua época e, ainda hoje, fascina a juventude. Ainda mais na combinação com as músicas escolhidas para a noitada do Bukowski Blues, conduzida pelo escritor Ricardo Cabús, ao som de Atiba Taylor e Ricardo Lopes.

Linguagem atraente - “Eu fiquei sabendo no evento anterior, sobre Lêdo Ivo,” conta Isaac Amaral Bugarim, 27 anos. O advogado disse gostar da linguagem de Bukowski, por isso, veio ao Maikai com expectativas de “uma noite muito boa”. Ana Luiza Mendonça, 20 anos, compareceu também pelo programa musical e a inclusão de Summertime no repertório foi um dos acertos para ela: “Esse estilo de música me encanta,” explicou a estudante de arquitetura e acrescentou: “Vale a pena conhecer esse trabalho”.

O ator José Márcio Passos é uma presença tradicional nos eventos do Instituto Lumeeiro e avaliou: “é uma das melhores coisas que já aconteceram na vida cultural alagoana”. O próximo desafio, ele espera, será espalhar a proposta para além da cidade, no interior. Para o ator, “isso é muito importante. Você olha para as pessoas aqui nessas mesas e vê que muita gente nunca leu um poema; não tem contato e se encanta quando chega aqui, porque poesia modifica a pessoa; é uma nova maneira de ver e descrever o mundo, tudo que está ao nosso redor; e tudo se torna mais bonito, coisa que vale a pena”.

Participações musicais - Na segunda edição do Bukowski Blues, repetiu-se a guitarra de Ricardo Lopes e teclado, sax e voz de Atiba Taylor. Os dois embalaram a poesia de Bukowski com clássicos do blues, como Baby Please Don’t Go, Big Leg Woman, Down Home Blues e muitos outros. Segundo Ricardo Lopes, a seleção das músicas foi feita a partir de um repertório que ele e Atiba já tocam, e que Cabús já conhece bem o bastante para identificar com a poesia de Bukowski. “Você tem que tentar tocar uma música que tenha a ver com o que ele está declamando da poesia”, explica o guitarrista. Para Atiba Taylor, a experiência de dialogar com a obra de Bukowski, na voz de Cabús foi “muito divertida e, ao mesmo tempo, uma oportunidade de interagir com o público diferenciado”.

Para completar, no final da noite, duas participações especiais trouxeram o som da gaita para o palco. No último bloco da programação, André Vilela, que toca na Blues Mascavo, foi chamado por Atiba, com quem já havia tocado antes, para improvisar uma música. A segunda surpresa foi Adelmo Correia, maceioense que já tocou na Dona Maria e atualmente reside em Fortaleza e faz parte da formação cearense In Blues. Ele tocou pela primeira vez com os músicos presentes no Bukowski Blues, embora já tenha assistido Atiba tocar com Artur Menezes antes e afirmou: “Quando eu soube que ele estava morando aqui, me encheu de orgulho... Eu estou aqui de férias, quando soube que ele ia tocar hoje, vim voando pra cá.”