Sarauzinho Poético: crianças falam como gente grande e adultos revivem a infância
A plateia estava cheia. Entre pais, avós, tios e, claro, muitas crianças de diversas idades, ecoou a voz de Larissa Cabús no palco, pontualmente, às 17h, trazendo um convite para que todos embarcassem em um mundo de sons, versos e rimas. “O Convite” feito foi o de José Paulo Paes, e dizia “Poesia/ é brincar com palavras/ como se brinca/ com bola, papagaio, pião.” Assim, deu-se início ao Sarauzinho Poético do Instituto Lumeeiro. Logo depois do último verso “Vamos brincar de poesia?” as crianças subiram ao palco como convidados especiais nessa grande aventura de letras e sons. Os acordes que festejavam esses convidados vinham do piano de Jâneo Amorim e tinham como autor o revolucionário Raul Seixas, “Carimbador Maluco” ou para quem prefere “Pluct Plact Zum”. Logo os pequeninos sentiram-se à vontade no palco, atentos à voz da contadora de poesias, pareciam não querer perder um verso. Entre um poema e outro, o diálogo para a interpretação era aberto. Muito mais respostas que perguntas surgiam nas falas das crianças, pareciam ter soluções a qualquer indagação, sugestões a qualquer problema, davam a quem estava assistindo a sensação de que a infância é a fase da sabedoria. Mas gente grande também tem seu lado criança, ao surgir o som do poema musicado “A Casa”, de Vinícius de Moraes, todos, adultos e crianças, em coro, entoaram os versos e pareciam crer na materialização daquele endereço na “Rua dos Bobos, número zero”. A mãe do pequeno espectador João, de dois anos e meio – a professora universitária, com doutorado em educação, Ana Maria Vergne – opina sobre o que via, dizendo que “eventos como esse, que tem contação de poesia, música e pintura, é uma oportunidade para as crianças pequenas, como o meu, se expressarem, conviverem com outras crianças, entrarem nesse universo de fantasia, de contato com a leitura, algo não tão sistematizado como faz na escola. Então, acho que é uma oportunidade bacana. Eu quero vir sempre.”Não apenas através de palavras as crianças puderam expressar o que compreenderam nos temas e poemas trabalhados. A outra forma de expressão utilizada foram os desenhos, arte que torna possível a visualização concreta de sensações, emoções e compreensões. E foi assim, nesse clima de conversas e brincadeiras, que o Sarauzinho Poético fez com que todos embarcassem na magia das palavras e dos sons, trazendo à tona a sabedoria infantil e a ingenuidade de gente grande. |