Papel no Varal Poetas Mortos: inquietude para a poesia e porto seguro para o jazz Uma noite de prêmios, homenagens e estreitamento de laços entre o público e a poesia.
A brisa que vinha do mar era suave e contrastava com a inquietude da poesia. Pouco depois das 20h, o Rex Bar escutava as cordas do Duo Lumeeiro tocando Flying to the moon. Logo após o deleite com a música, o anfitrião da festa, Ricardo Cabús sobe ao palco declamando Charles Bukowski e inicia uma noite repleta de comemorações, entre elas, o agraciamento do Papel no Varal pelo Ministério da Cultura com a Bolsa de Fomento à Literatura, sendo classificado como o 1° sarau literário do Nordeste e o 4° do Brasil. Logo os convites para subir ao palco são iniciados e o primeiro a dar voz à poesia foi Guilherme Ramos, com Soneto de Separação, de Vinícius de Moraes. Mas Guilherme não ficou por aí, gostou de fazer os versos tornarem-se som e voltou ao palco diversas outras vezes. Em meio aos presente, havia aqueles que prestigiavam o evento pela primeira vez e subiam indecisos ao palco para logo tomarem gosto pelas declamações e havia, também, velhos conhecidos que presenteavam a todos com a familiaridade de suas vozes. Entre um bloco de poemas e outro, o Duo Lumeeiro – composto pelos magistrais Geraldo Benson e Bruno Tenório – fez do jazz seu porto seguro e exibiu canções como New York e All love me. Mas o Duo não deixou de fora a canção brasileira, contemplando compositores como Caetano Veloso e Tom Jobim. Para surpresa de todos, Bruno Tenório abandonou por um instante seu violino e foi ao varal de sisal para declamar o poema A um coração, do incomparável Castro Alves. Como a noite foi dedicada aos poetas mortos, o ator José Márcio Passos fez uma homenagem ao alagoano Beto Leão, trazendo interpretações marcantes de títulos como Viagem das Lamentações Maiores, Biogênese, Sonho de fome, entre outros. O público, que mais uma vez foi uma atração especial no Papel no Varal, não deixou sequer um minuto o palco vazio, mostrava-se curioso e aplaudia cada leitura. A arquiteta Josevita, que compareceu ao evento pela primeira vez – e fez a leitura de quatro poemas – disse que “é uma experiência ótima, acho que vou virar artista de agora para frente. Viciei, peguei o vírus da declamação, é muito bom. As pessoas às vezes vão tímida e chegam lá em cima perdem a vergonha. Descontrai geral, muito bom. Também há o clima, o jeito que Ricardo conduz o processo é muito descontraído e deixa as pessoas bem à vontade, mesmo o tímido vai lá e faz.”. Ana Karina Luna, que estava com Josevita, e é veterana do Papel no Varal, concorda com a opinião da amiga. As duas completam dizendo que “Talvez o poema é que escolha a gente, não a gente que escolhe o poema. É como se fosse um momento seu, algo que você não conseguiria expressar e tem a expressão na voz do poeta.”
Assim, comemorando a conquista de um prêmio, homenageando poetas, fazendo a poesia ganhar novos adeptos e estreitando os laços com amigos de longa data, o I Papel no Varal: Poetas Mortos aliou-se a toda história e boemia do bairro de Jaraguá em uma noite inesquecível de poesia e jazz.
Ficha técnica: Local: Rex Bar Data: 07/11/2015 Horário: 20h Curadoria e apresentação: Ricardo Cabús Música: Duo Lumeeiro (Bruno Tenório e Geraldo Benson) Participação especial em leitura: José Márcio Passos Equipe Lumeeiro: Lidiane, Samuel, Jairo, Janderson, Brenda. Produção: Cristina Patriota Patrocínio: Ministério da Cultura, Ao Pharmacêutico, Ufal, IZP, Bodega do Sertão, Sesc, Engenho Nunes e Sanduba do Careca.
"Este projeto foi selecionado pela Bolsa de Fomento à Literatura do Ministério da Cultura"
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